sexta-feira, 6 de junho de 2008

Os amigos do esquerdo: Uma aventura em Carnide.


Esta história é só da filha (Carolina).

Num sábado de manhã, a Maria foi fazer um recado à mãe e no caminho viu uma placa que dizia, que ali à frente havia um buraco de dois metros, que antigamente servia para guardar os cereais. A Maria interessou-se por aquilo mas lembrou-se de que tinha de ir fazer o recado que a mãe pedira e então foi-se embora. Claro que não se esqueceu do que tinha visto e portanto resolveu depois ir outra vez ali para ver aquilo melhor. Na segunda-feira, no recreio a Maria contou o que tinha visto naquele sábado e os seus amigos e ela resolveram ir lá. Mas não sabiam como é que iam lá sem os seus pais. Pensaram, pensaram até que o Pedro pensou que o primo dele podia ir com eles. Quando o Pedro chegou a casa foi logo perguntar ao primo dele se ele queria ir com eles ver aquele buraco que parecia tão interessante. O primo que se chamava André disse logo que sim porque da ultima vez que tinha ido com eles a um sitio tinha-se divertido muito. Ao outro dia o primo do Pedro disse aos pais do Pedro que eles iam jogar à bola no parque mas quando disse isso estava a fazer figas.
Quando lá chegaram eles viram a tal placa a dizer para que servia aquilo antigamente. Quando olharam lá para baixo viram qualquer coisa a brilhar lá bem no fundo. De repente ouviram uma senhora a gritar:
- Roubaram-me!!! Roubaram-me!!! -repetia ela vezes sem fim.
Os meninos ao ouvir aquilo foram logo ver o que se passava e perguntaram à senhora o que se passava e ela só gaguejava:
- Rouba… Roubaram-me
- Roubaram-lhe o quê? Dinheiro? Jóias?
- Jói...Jóias. Mui…Muitas jóias!!!
- Mas não lhe roubaram mais nada?
- Não.
A Maria começou a raciocinar, juntando o que se tinha passado com o que eles tinham visto, e pensou que aquela coisa a brilhar podiam ser as jóias daquela senhora, e podiam ter sido roubadas na noite passada.
Como a Maria queria dizer aos amigos o que se tinha passado inventou uma desculpa para se irem embora dali. Quando já estavam bem longe da casa da senhora a Maria contou aos amigos o que tinha pensado e todos concordaram que era uma boa hipótese.
A seguir, puseram-se todos encostados ao vidro, ah pois, porque a Câmara tinha posto ali um vidro para ninguém cair lá para baixo. Eles continuavam a ver aquela coisa a brilhar mas não sabiam como é que podiam descobrir o que era aquilo. Entretanto o João disse:
-Aqui não estamos a fazer nada. Vamos mas é para casa e cada um pensa em hipóteses.
No dia seguinte eles ouviram dizer nas notícias que tinha havido vários assaltos no bairro. Quando ouviram aquilo foram logo dizer ao primo do Pedro para ele os levar outra vez lá para verem se ainda estava lá aquilo a brilhar. Para desilusão de todos já lá não estava nada, népia. Vendo aquilo o Pedro disse:
- Isto é impossível! Ainda ontem estava ali qualquer coisa e agora nem sinal.
Pensaram, pensaram até que o André disse:
-Eu sei que não devia, mas como foram vocês que me meteram nisto eu decidi que esta noite vimos para aqui espiar sem os vossos pais saberem e vemos o que acontece. Eles combinaram encontrar-se à porta de um café que era ali perto.
Nessa noite o primo do Pedro foi a cada uma das casas dos meninos e trouxe-os sem fazer barulho para os pais não ouvirem. Quando já estavam quase a chegar os miúdos começaram a pensar num sítio onde se pudessem esconder. Já escondidos, cada um no seu sítio esperaram até que acontecesse alguma coisa. Esperaram, esperaram até que ouviram um barulho vir do tal buraco. Quando ouviram aquilo viraram-se logo para lá para ver o que se passava. De repente ouviram dois homens a falar:
- Temos que esconder as jóias bem. -disse um deles
- Cala-te!!! Agora tira mas é essa porcaria do vidro com aquela ferramenta que tu tens!!!
A seguir de o homem tirar o vidro o outro agarrou numa escada muito grande e meteu-a lá dentro. Depois começou a descer. O outro homem foi logo a seguir mas este levava um saco do continente cheio até meio e parecia brilhar lá por dentro.
- Devem ser jóias. -disse o Pedro baixinho.
Quando eles tinham a certeza que os ladrões não os ouviam o André disse:
- Agora eu vou com o Pedro à esquadra de Carnide e vocês vão ficar aqui com o meu telemóvel e quando eles subirem filmam. Perceberam?
- Sim!!! - disseram eles em coro.
- Agora eu vou-me embora e tenham cuidado para não derem vistos. Adeus!!!
Passado algum tempo os miúdos ouviram passos de pessoas atrás deles e assustaram-se. Quando olharam para trás viram o pai da Maria e a mãe do João com ar de zangados e de aflitos ao mesmo tempo. Nesse momento a mãe do João disse:
- O que é que se passa aqui? -disse ela muito alto e com um tom de zangada.
Nesse momento ouviu-se um barulho vindo do buraco e o João disse baixinho:
- Eu explico depois agora baixem-se e dêem-me espaço para eu filmar.
A mãe e o pai não estavam a perceber nada mas baixaram-se à mesma.
Entretanto o André e o Pedro tinham chegado com a polícia e tinham-se escondido noutro sítio mais perto do buraco para quando os ladrões subissem atacarem.
Quando se viu que os ladrões já estavam cá fora os polícias apontaram-lhes as armas e levaram-nos para a esquadra e quando eles já não estavam com os polícias a mãe do João disse:
- Agora vamos nós ter uma converssinha senhor João…E eu também quero falar contigo André…
Depois nem queiram saber o que aconteceu a seguir, porque o João levou um sermão daqueles mesmo maus, e acreditem que os amigos dele também de certeza que levaram o mesmo, porque no outro dia, no recreio, não falavam doutra coisa senão da aventura que tinham tido e do sermão que tinham levado…

Carnide, 6 de Junho de 2008